Reunião-jantar do SIMECS debateu perspectivas econômicas para 2025
Especialistas convidados analisaram o cenário econômico e apresentaram projeções para o ano durante encontro promovido pelo sindicato.
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (SIMECS) realizou, na terça-feira (1º/04), uma reunião-jantar com o tema “Perspectivas Econômicas para 2025”, reunindo empresários e especialistas para discutir os desafios e oportunidades que se desenham para o próximo ano.
O presidente do SIMECS, Ubiratã Rezler, fez a fala de abertura do evento, agradecendo a presença de todos e destacando a importância de compreender o cenário econômico como ferramenta essencial para enfrentar os desafios diários das empresas. “É fundamental que estejamos atentos às tendências e preparados para tomar decisões com base em informação qualificada”, afirmou.
O encontro contou com a participação da economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, do economista-chefe da FIERGS, Giovani Baggio, e da assessora econômica do Sistema Farsul, Danielle Montiel Guimarães. Cada um dos convidados apresentou uma visão técnica e aprofundada sobre o cenário econômico, com foco nos impactos para a indústria, o comércio e os setores ligados ao agronegócio, destacando também as ações das federações diante do contexto regional e nacional.
A primeira a apresentar foi a assessora econômica do Sistema Farsul, Danielle Montiel Guimarães, que abordou o impacto das estiagens na produção agropecuária e as perspectivas do setor para 2025. Segundo ela, o Brasil acumulou, entre 2020 e 2024, uma perda de 49,9 milhões de toneladas em grãos, sendo 9,3 milhões somente em 2024. O volume equivale a 875.438 carretas bitrem de 57 toneladas, que, enfileiradas, ocupariam mais de 26 mil Km. “Estamos deixando de produzir o equivalente a milhares de carretas cheias de alimento por causa da estiagem. E ainda enfrentamos burocracias e entraves ambientais, para a construção de reservatórios que agravam o problema”, alertou. Danielle também destacou que “o preço do alimento está caro não por culpa do produtor rural, mas pelo aumento do consumo interno impulsionado pelo crédito, pelos programas sociais e pela maior massa salarial”. Ainda assim, a perspectiva para 2025 é positiva, com expectativa de crescimento em um cenário onde o Brasil segue como o maior exportador de alimentos do mundo.
Na sequência, o economista-chefe da FIERGS, Giovani Baggio, apresentou uma análise detalhada sobre o desempenho da indústria brasileira e os principais fatores que impactam o setor. Segundo ele, a indústria gaúcha ainda enfrenta um cenário de estagnação, agravado pelos efeitos dos eventos climáticos recentes, enquanto a indústria nacional registrou leve crescimento em 2024. “A performance da indústria gaúcha foi comprometida por fatores locais, e o crescimento previsto de 0,6% ainda é modesto frente aos desafios enfrentados em 2023”, destacou. Baggio também chamou atenção para os elevados índices de incerteza política e comercial: “Os níveis de incerteza estão próximos aos registrados durante a pandemia. Isso afeta diretamente a confiança do empresariado”. O economista ainda apontou que, apesar da valorização dos produtos brasileiros e do crescimento dos principais parceiros comerciais — como China, Estados Unidos e Argentina, o cenário fiscal brasileiro, com déficit elevado, juros altos e inflação em trajetória de alta, exige cautela nas decisões de investimento.
Encerrando o painel, a economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, apresentou o panorama positivo para o comércio de 2024 e compartilhou projeções realistas para 2025. Segundo ela, “o comércio gaúcho teve desempenho acima da média nacional, mesmo com os impactos severos das enchentes em outros setores, já que o desastre climático aumentou o consumo no varejo, gerando resultado positivo”. Já o setor de serviços, explicou, teve uma performance melhor em nível nacional do que no Rio Grande do Sul, prejudicado principalmente pela queda no turismo e na movimentação econômica regional. Para o próximo ano, a projeção é otimista no início, com a força da colheita estimulando os resultados do primeiro semestre. No entanto, “a inflação vai corroendo os ganhos mês a mês, com pressão sobre alimentos e serviços, agravada pela desvalorização cambial”, alertou. Patrícia ainda apontou que o cenário para o comércio e os serviços será influenciado por fatores como juros altos, inadimplência elevada e crédito restrito, além de desafios estruturais como o envelhecimento da população e a concorrência com a informalidade. “Hoje, a pirataria e a economia informal representam 17,8% do PIB, o que impõe uma concorrência desleal para os negócios formais”, concluiu.
O evento proporcionou uma análise estratégica sobre o atual momento da economia gaúcha e brasileira, promovendo um espaço de reflexão e troca de ideias entre lideranças industriais da Serra Gaúcha. A reunião-jantar foi realizada no restaurante Sica, localizado na CIC Caxias.
Sobre o SIMECS
Com 67 anos de atuação, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (SIMECS) é uma das maiores entidades patronais do Sul do país. Reúne empresas que, juntas, respondem por 73 mil postos de trabalho e um faturamento anual de R$ 50 bilhões. Dentre suas prioridades de atuação estão o impulso à inovação e à competitividade da indústria, a representação dos associados junto às instâncias políticas e econômicas e o incentivo à expansão dos negócios regionais nos mercados nacional e internacional. A sua base reúne os seguintes municípios: Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Cotiporã, Garibaldi, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Guabiju, Nova Pádua, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Protásio Alves, São Marcos, São Jorge, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.
Crédito das fotos: Eduardo Camargo dos Santos