O 6G está chegando e não se trata apenas de uma nova geração de redes móveis com velocidades ultrarrápidas. Estamos falando de uma transformação profunda na forma como interagimos com o mundo físico, digital e, agora, também com o biológico. A chamada “internet dos sentidos”, impulsionada por comunicação holográfica, inteligência artificial autônoma e conectividade sensorial, coloca na palma da mão possibilidades impensáveis há poucos anos. No entanto, esse salto tecnológico vem acompanhado de um alerta em relação à superfície de ataque cibernético, que vai se expandir como nunca.
O 6G chega com a promessa de ser até 100 vezes mais rápido que o 5G, latência quase inexistente e capacidade para suportar milhões de dispositivos por quilômetro quadrado. Isso tudo abre espaço para cirurgias remotas com resposta tátil em tempo real, carros autônomos em larga escala e até eletrodomésticos que aprendem com nossos hábitos comportamentais. Ou seja, quanto mais conectamos, mais portas abrimos. E, nesse cenário, as ameaças se tornam ainda mais sofisticadas e invasivas.
Pesquisas recentes já identificaram esses desafios. Um estudo publicado em março de 2025 no Journal of Internet of Things destaca que o 6G introduzirá vulnerabilidades em três camadas: física, de conexão e de serviço, o que que exigirão novas técnicas, desde criptografia pós-quântica até autenticação baseada em blockchain e IA embarcada na borda da rede.
Um ponto fundamental nesse debate é que a arquitetura de segurança atual simplesmente não foi pensada para essa escala. Dessa forma, confiar na segurança reforçada do 5G (como AES‑256 ou blockchains para autenticação) não será suficiente. Com a ascensão dos computadores quânticos, muitos desses sistemas poderão ser quebrados. Isso exige uma migração urgente para a criptografia pós-quântica e a adoção plena do modelo “zero trust”, em que nenhum dispositivo ou usuário é confiável por padrão, mesmo estando dentro da rede.
Este modelo trata de validações constantes, baseadas em contexto, comportamento e identidade digital. Além disso, ferramentas como rádios reconfiguráveis, que ajustam sinais em tempo real, e superfícies inteligentes capazes de mascarar ou bloquear transmissões, trazem uma camada extra de resiliência – integrada diretamente ao design da rede e não agregada como uma ideia posterior.
É preciso ter em mente que o impacto de um ataque bem-sucedido nesse novo cenário vai muito além do vazamento de senhas. O risco envolve a paralisação de serviços públicos, apagões logísticos, interrupção no fornecimento de água e energia, e manipulação de ecossistemas inteiros. As consequências são sociais, econômicas e estruturais.
O 6G, sem dúvidas, nos aproxima de um mundo mais inteligente, sensível e integrado. Mas, sem segurança, tudo pode virar terreno fértil para o caos. O que está em jogo não é apenas a privacidade dos nossos dados, mas a própria resiliência da sociedade hiperconectada.
*Caio Abade é Cybersecurity Executive da Betta Global Partner.
Sobre a Betta GP
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