Segundo o relatório The Global Payments Report 2022, da FIS, o mercado global de e-commerce deve crescer 55,3% até o final do ano que vem, alcançando um valor de transação de mais de US$ 8 trilhões. No Brasil, o cenário é ainda mais promissor, com previsão de aumento de 95% nas vendas online, alcançando um total de US$ 79 bilhões. Essa perspectiva é animadora, porém para atingir o objetivo, as marcas precisam ir além das estratégias clássicas de vendas, (como descontos e frete grátis), e de marketing, ao divulgar os conteúdos apenas nas redes sociais, principalmente no início do ano, período marcado pela revisão de projetos e definição de planejamentos para o próximo ciclo.
Hoje, o próprio mercado já oferece alternativas que geram um maior impacto nessa relação envolvendo marca e público, mas que muitas vezes são deixadas de lado, como o marketing de afiliados.
Trabalho de indicação
Um dos principais exemplos é o marketing de afiliados, estratégia em que parceiros promovem produtos ou serviços de uma marca em troca de comissões por vendas ou ações realizadas a partir de recomendações. Tal proposta permite que as empresas ampliem o alcance e as vendas sem investimento direto em publicidade, já que o pagamento é feito apenas por resultados gerados pelos afiliados.
Para se ter uma ideia do impacto da estratégia, nos Estados Unidos, o marketing de afiliados representa cerca de 15% da receita total de mídia digital e 16% das vendas de e-commerce durante o ano de 2024. Pensando na conjuntura local, a tática tem ganhado ainda mais força. Segundo um relatório da Admitad, o número de afiliados no Brasil aumentou 8% em 2023. Vale dizer que o varejo domina a expansão do conceito no país, sendo responsável por 43% das receitas desse mercado.
Para os próximos anos, uma das grandes tendências é a integração da inteligência artificial nas campanhas de afiliados. Isso porque, a tecnologia será utilizada para otimizar a criação de conteúdo, segmentar públicos de forma mais precisa e até prever tendências de consumo. Ou seja, as marcas poderão oferecer promoções personalizadas e mais relevantes para o público, maximizando conversões com base em dados coletados e avaliados em tempo real.
Além disso, cada vez mais consumidores estão usando assistentes virtuais para encontrar ofertas, exigindo uma adaptação nas estratégias de SEO para garantir que as suas promoções e produtos sejam os primeiros a serem listados nas pesquisas. Para o varejo, essa otimização pode ser um diferencial competitivo interessante visando a melhora do rendimento do afiliado e da marca parceira.
Influência de todos os tamanhos
Outro aspecto essencial são as estratégias voltadas para as redes sociais, sobretudo com o apoio de micro e nanoinfluenciadores. Apesar de apresentarem audiências menores, esses criadores tendem a ter altos níveis de engajamento e confiança, o que os torna uma aposta certeira. Suas recomendações autênticas, combinadas com ofertas exclusivas, tendem a gerar um impacto significativo nas vendas.
Alinhado a isso, é importante ter em mente que a prática do marketing de influência é muito poderosa no Brasil, uma vez que o país é líder mundial em número de influenciadores digitais no Instagram. Segundo pesquisa da Nielsen, existem mais de 10,5 milhões de influenciadores com aproximadamente mil seguidores na rede, além de outros 500 mil com mais de 10 mil fãs.
Novamente, a IA entra em cena como uma ferramenta que facilita a correspondência entre marcas e produtores de conteúdo. Além disso, ela aprimora a personalização de ofertas, ajustando-as com base no comportamento dos usuários.
Dinheiro que vai e volta
Por fim, as estratégias de cashback e cupons continuam populares, especialmente em períodos de instabilidade econômica. Empresas que promovem essas ofertas têm maior chance de atrair consumidores que buscam maximizar seus descontos, já que o benefício aparece em evidência pelo público dentre as ações de fidelização, em pesquisa divulgada no ano passado pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf).
Sendo assim, é possível dizer que marcas que investem em estratégias inovadoras, como o marketing de afiliados, o uso inteligente de IA e o poder dos micro influenciadores, têm uma possibilidade maior de capturar a atenção dos consumidores e ampliar suas receitas. Afinal, experiências personalizadas e relevantes têm o poder de transformar intenções de compra em conversões de vendas.
*Hugo Alvarenga é sócio e co-CEO da A&EIGHT, um ecossistema de soluções digitais end-to-end de alta performance. Além de fundador da B8one, uma das marcas do grupo, o profissional é referência no setor de tecnologia e varejo, com quase uma década de experiência em gestão, empreendedorismo e desenvolvimento de softwares. Com um rico histórico em empresas ligadas à inovação, o executivo tem uma abordagem prática e orientada a resultados. Sua expertise abrange desde a arquitetura de sistemas até a otimização de processos, sempre com foco na entrega de valor para os clientes e stakeholders.