sábado, dezembro 21, 2024
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“Primeiro passo para inclusão digital é diminuir desigualdades básicas no país”, opina especialista em tecnologia

Com 39,9 milhões de pessoas desconectadas e 86,6 milhões sem acesso recorrente, Brasil permanece distante de um cenário justo de democratização digital

O Brasil é um país desigual em muitos aspectos, e a disparidade econômica entre ricos e pobres historicamente presente no país é um dos primeiros pontos levantados por especialistas. Porém, a falta de inclusão digital aos brasileiros e a consequente diferença na obtenção de objetos tecnológicos e do uso de internet também tem se apresentado como um problema estrutural, que o país não consegue avançar de maneira significativa.

De acordo com um estudo conjunto do Instituto Locomotivas e da empresa de consultoria PwC, cerca de 33,9 milhões de brasileiros estão desconectados e 86,6 milhões não conseguem se conectar todos os dias. Além disso, 41,8 milhões de brasileiros estão na categoria “subconectados”, que possuem conexão ao serviço de internet por 19 dias no mês.

“A internet é um item praticamente obrigatório na rotina de qualquer indivíduo. A falta desse acesso pode representar menores oportunidades de aprender e crescer, com auxílio dos diversos materiais e cursos gratuitos que estão disponíveis”, explica João Gabriel, Top Voice do LinkedIn e head de tecnologia.

Falta de acesso pode prejudicar oportunidades no mercado de trabalho

Ainda segundo o estudo, a falta ou mau funcionamento das conexões de internet ao redor do Brasil pode dificultar o dia a dia dos funcionários, que possuem a possibilidade de trabalhar em casa.

Os principais problemas apontados pelos entrevistados são:

  • 48%: Instabilidade do sinal de internet;
  • 44%: Velocidade da internet;
  • 44%: Qualidade do sinal;
  • 28%: Falta de conhecimento para utilizar a internet.

Para João, o Brasil historicamente não fornece as ferramentas necessárias para que o cidadão aprenda os conceitos básicos, hoje presentes na maioria das vagas de trabalho que demandam tarefas digitas. “A tecnologia ganhou muito espaço na vida de todos nos últimos anos, mas as pessoas não aprendem desde cedo a utilizarem programas simples como Word, Excel e Powerpoint. Quem não realiza um curso básico, ou realmente busca esse conhecimento, por meio de ensinamentos presentes no ambiente digital, tem mais dificuldades para adentrar no mercado de trabalho como um todo ”, comenta.

Mesmo com democratização do acesso, país precisa avançar na questão

É inegável que nos últimos anos o Brasil apresentou significativo avanço na democratização do acesso, mesmo assim, o país ainda se encontra muito longe do cenário minimamente justo em um contexto geral.

“O primeiro passo para aumento da inclusão digital, e da plena democratização do acesso é a diminuição de desigualdades gerais no país. Somente com melhores condições de moradia, emprego e saúde as pessoas poderão assim estabelecer como uma das prioridades o acesso à internet”, afirma o head de tecnologia.

A evolução dos sistemas, da internet e dos aparatos tecnológicos é de suma importância para o desenvolvimento e aplicação de inovação no país. Hoje, o Brasil é o 3° país da América Latina no ranking de velocidade com média de 100 Mbps, mas tal fator, apesar de importante deve ser considerado como uma pequena vitória dentro de um contexto macro, precisa ser melhorado.

“Fornecer internet para tarefas básicas de estudo, pesquisa e lazer é extremamente importante, mas devemos nos atentar também aos talentos que estamos perdendo por não oportunizar conhecimentos básicos, para que assim eles possam evoluir em profissionais de tecnologia e auxiliar na lacuna de especialistas que é esperada nos próximos anos”, finaliza João.

Sobre O Matuto Programador

Top Voice do Linkedin, João Gabriel é head de tecnologia na Ideen. Formado em Sistemas da Informação pela Fundação Santo André e em Big Data – Inteligência na gestão de dados pela escola Politécnica da USP, possui mais de 14 anos de experiência na área. Atualmente é seguido por mais de 100  mil pessoas no Linkedin, além de conduzir o podcast Sem Rota no Youtube.

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